Monólogo a dois

Só para não acharem que matei o blog... trecho de um conto in progress.



De maneira alguma era a chuva.

Tremiam sob a marquise estreita de um velho prédio no Centro, dos tempos de calçadas mais estreitas, ruas de paralelepípedos.

— Tudo isso aqui era dos jesuítas...
— Que merda, hein?...
— Por que? Se não fossem eles, talvez a cidade nem existisse.
— Nãããooo, garoto, to falando da Chuva!!!
— Ah tá...

Mas de maneira alguma era a chuva.

Resolveram sair daquele jeito mesmo, o tempo muito fechado, aquele abafado, apesar do vento... A urgência do encontro contrastava com o receio do que poderia sair dali — não muito. Tinham razão... o discurso não batia, ambos queriam a mesma coisa, mas não batia...

— A.
— B.
— Cinza.
—Fúcsia.
— Boca Juniors.
— River Plate.
— O Cortázar de Rayuela.
— O Cortázar de Historias de cronopios y de famas.

Mesmo assim seguiam tentando um entendimento, afinal de conto só o encontro já significava alguma coisa, apesar de travarem cadaum monólogo a dois (...) [continua um dia]

0 comentários:

Postar um comentário