Para não dizerem que não falei de flores

Como a maioria sabe, já estou trabalhando no meu segundo livro e como pai babão que gosta de exibir a filharada, eis um dos meus pequenos... rs



Estavam ambos ainda exaustos. Olhavam o teto, faziam arcos com a fumaça do cigarro, o baratinho passando, Vampire Weekend ao longe quase como um ruído... era sábado à tarde, os pais fora e eles ali, ainda exaustos e suados olhando o teto já com um certo tédio. As mãos entrelaçadas.


- Mélia, posso te dar uma flor?
- Uma flor, Jorge!?
- É.
- De onde você vai tirar uma flor nesse instante!?
- Na verdade, eu vou desenhar.
(Ele cursava Artes; 4° período, UERJ: um merda)
- ... Desenhar?
- É.
- Tá.
(Ela ainda no terceiro do ensino médio, divididos entre o cursinho, o inglês e o remo: tinha jeito para o esporte)
- Levanta a blusa...
- Assim?


Não deu tempo para ela: mordeu com muita força aquela parte macia do corpo, o entre-caminho da barriga e as costas, pouco acima da cintura... Na pele branca de Amélia, fez-se rápida e perfeita uma violeta roxa.

Ganhou ele também uma flor. Mélia não fez apenas gritar e filha-da-putar-lhe as gerações que viriam: espalmou os seis dedos da mão esquerda calejada no rosto do primeiro namorado: deu-lhe uma enorme rosa vermelha.

Dormiam abraçados, até ouvirem a buzina dos pais dele, anunciando a chegada. Ainda exaustos, o baratinho passando.

9 comentários:

Bruna Mitrano disse...

Flores azuis (Carola Saavedra), Roxas, vermelhas...a flor da pele, à flor da pele. As de plástico não, mas as flores de pele (e sangue) morrem?
É, falou de flores, bem do teu jeito..adorei! Esse é meu amigo!rs

Unknown disse...

Pois é amigona... foi inevitável a referência à Carola, já vinha trabalhado nesse texto (na verdade estava esquecido no fundo do HD) e, por incrível que pareça, aquele Mirisola que catei do Italo ontem também fazia a mesma referência!!! Ai, não aguente, tive que mexer nele de novo e já digo mais que essa não é a versão final: depois que postei, já mudei umas linhas e VOCÊ MESMA, no seu comentário, já adivinhou o que... De fato, somos casados literariamente falando, não pode ser, muito engraçado, assim que li seu comentário... rs

Vivian disse...

...e não é que existem muitas maneiras
de se desenhar uma flor??!!!

e eu que pensei já ter visto de tudo...rss

quanta inocência, my God!

bjusss

Unknown disse...

Vivian, bem-vinda ao De vermes...

A beleza das palavras tá aí, não acha? Não exatamente uma flor, não exatamente desenho! rs

Anônimo disse...

Ainda continua? Se não, não gostei muito.

Anônimo disse...

Mais uma vez: felicidades pelo o seu trabalho e o seu sítio.

GiAlmérida disse...

Muito Bom! Como tudo que você escreve. Mas tem continuação, não é?

V.H. de A. Barbosa disse...

"filha-da-putar-lhe" haha, adorei o neologismo.
Me mostra depois quais são seus livros, cara.

Abraços

Unknown disse...

V.H De A. (?????!!!) você saber mais do meu livro (ainda é um só) pelo site www.editoramultifoco.com.br ou no blog do mesmo, clicando no menu de abas "LIVRO"
Vlw

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