De VERMES & outros ANIMAIS rastejantes::

Não sei definir... é uma mistura de raiva, uma certa euforia e, principalmente, surpresa. Ninguém está entendendo nada, ok, explico: vocês, amigos da faculdade, sabem do nosso trabalho em LIT BRA 5 e já pensando nele, saí em busca das minhas fontes, na verdade só uma: a obra do escritor Daniel Galera. Muitos de vocês também sabem quanto os perturbei a lerem o romance MÃOS DE CAVALO – alô Fê! – e de como não parava de falar nele, e depois na novela ATÉ O DIA EM QUE O CÃO MORREU – né, Bruna, rs! (que consegui, por um milagre, encontrar de maneira fácil) – e que foi recentemente adaptado para o cinema. Mas o ponto que eu quero chegar é que além dessas duas obras há o livro de contos DENTES GUARDADOS, que está esgotado, o próprio Daniel Galera disponibiliza uma versão em pdf do livrinho, mas não sei ler “tela”, gente e sei lá..., não tem cheiro, barulho, não é LIVRO, sei lá... enfim, motivado pelo trabalho e pela grande demanda de compra de livros on line hoje na Internet, fui peregrinar, já certo de que levaria uma vida para encontrar o livro – quebrei a cara no primeiro acesso!

Encontrei o livro num sebo em São Paulo e, pasmem, todo o processo de compra, contato, pagamento e recebimento levou apenas cinco dias... CINCO DIAS! Um tapa na cara, com luva de pelica numa certa livraria, que se julga a melhor do país (detalhe, o estado do livro é excelente). Em posse do mesmo, ontem mesmo o li. Num fôlego só. Adorei Dentes guardados. Mas não é aí que reside a minha euforia-raiva-surpresa...

A cada conto que ia lendo, eu me surpreendia não só com algumas histórias, mas com a maneira de Galera escrever; sim, o estilo, identifiquei-me de imediato, pois acredito, pelo que vi e li, que escrevo de forma muito parecida e digo mais, muitas das questões levantadas também 9outras nem tanto)... num primeiro momento fiquei boquiaberto, pois fui tragado para as aulas de teoria da literatura 2... Sim, eu fazia parte de um zeitgeist! Vocês podem compreender a minha agitação, não é? O fato que de alguma forma o que escrevo, ele também escreve e outros também, isso é muito bom, pois parece que de fato estou “sintonizado” a minha época (essa é a parte da euforia). Contudo, um conto em especial chamou a minha atenção (essa é a parte da raiva). A maioria de vocês conhece um conto meu chamado “O que seria do azul se todos gostassem de rosa?”, de maneira bem rápida é uma historinha de amor, à la séc. XXI, que se passa quase toda num bar, e nesse conto tem uma menina que vende rosas, pessoas insensíveis, jogo de cores, um ponto de ônibus e pessoas com enjôo (para usar um eufemismo). Bem, Galera tem um conto chamado “Todas as rosas do balde” (!), que tem uma menina vendendo rosas (!!), pessoas insensíveis (!!!), um ponto de ônibus (!!!!) e pessoas com enjôo (!!!!!). fui tomado por um mal-estar... Tive a sensação que “Roubaram a minha idéia”, mas pensei: “Porra, isso já é livro: eu roubei a idéia dele!” Li novamente o livro (essa é parte da surpresa) e tudo veio à minha cara: palavras, frases muito parecidas, figuras, etc... to me sentido um plagiador! Rs! To ficando paranóico ou não devo me preocupar?