Impressões mais que literais


Não tenho tatuagens.Não tenho piercings. Acho-os bonitos e atraentes – vejo as tatuagens como fetiche – e após a leitura de Cobras & Piercings a tentação de escolher um dos dois é grande.

Nessa pequena novela da japonesa Hitomi Kanehara experimentamos a todo instante o conflito da dor (e por que não prazer) de piercings cada vez maiores, tatuagens de seres mágicos, uma bizarra proposta que inicia a narrativa e três jovens num triângulo amoroso escaleno. Vemos a pequena narradora, Lui, perambular com o namorado, Ama, por uma Tóquio distante das descrições e dos cartões postais costumeiros – são ruas possivelmente desconhecidas de muitos japoneses. Lui se vê cada vez mais fascinada por Shiba, tatuador e amigo de Ama, os três confabulam sobre as inquietações de um geração perdida, em que namorados não sabem nem mesmo os nomes reais de seus parceiros, uma juventude desapegada por completo da velha Tradição e centrados no Ocidente e suas modas e principalmente neles mesmos. O discurso do livro é uma tanto “vazio”, (res)soa estranhamente próximo aqui, pois é de uma atualidade sem igual. Hitomi Kanehara parece observarde de dentro do olho do furacão (e é impossível não associar a imagem da protagonista com a autora), traçando esse perfil da juventude japonesa, mas que poderia ser inglesa, espanhola, brasileira, americana...
Você se sente paulatinamente marcado, como uma tatuagem.

(Dica: leia o livro ouvindo Placebo, a trip vai ser maior ainda)

1 comentários:

Anônimo disse...

Cara, de onde você tiras essas coisas? Não sei se é bom, ou se é você (e sua escrita) que faz parecer! Te adoro, beijão!

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